Empresas que curam: quando sucesso é sinônimo de impacto positivo

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Entenda como o Direito pode contribuir na sustentação legal de empresas que visam mais do que lucro 

Toda empresa busca lucro, certo? Bem, essa lógica já não é mais unânime há um bom tempo. Healing organizations, ou “empresas que curam”, é um termo relativamente novo criado em 2008 por Raj Sisodia e Michael Gelb. Esse conceito aborda a ideia de que uma organização pode ser mais do que uma simples fonte de lucro, e pode ser uma força para o bem em seu ambiente.

Em vez de medir o sucesso apenas em termos financeiros, as empresas que curam são avaliadas em sua capacidade de impactar positivamente a vida das pessoas, incluindo seus colaboradores, clientes, fornecedores e comunidades em que atuam. Essa abordagem mais humanista considera fatores como o bem-estar dos funcionários, a satisfação dos clientes e o impacto ambiental e social da organização.

Entenda mais:

O que são as empresas que curam?

Uma empresa que cura é aquela que reconhece que as necessidades de seus colaboradores vão além do salário e dos benefícios. Essas organizações investem em programas que promovem a saúde e o bem-estar dos funcionários, como políticas de licença parental, flexibilidade no trabalho e programas de desenvolvimento pessoal e profissional.

Além disso, também se preocupam com os impactos sociais e ambientais de suas atividades. Elas se envolvem em projetos de responsabilidade social, trabalham para reduzir seu impacto ambiental e buscam parcerias com fornecedores que compartilham seus valores.

A abordagem não apenas beneficia seus colaboradores e as comunidades em que atuam, mas também pode ser positiva para os resultados financeiros da organização. Colaboradores felizes e engajados tendem a ser mais produtivos e inovadores, o que pode levar a uma maior eficiência e competitividade no mercado.

O case da Patagonia

No palco do SXSW: Ryan Gellert, CEO da Patagonia (Erika Goldring/Getty Images)

Ryan Gellert, CEO da Patagonia, uma marca de vestuário para esportes ao ar livre conhecida por suas ações ambientais, apresentou um ponto de vista claro em sua palestra no SXSW 2023, o maior evento de inovação do mundo. Para ele, as empresas são responsáveis pela crise climática e, portanto, precisam encontrar soluções para esse problema.

A Patagonia, que está prestes a comemorar 50 anos, ganhou notoriedade por suas decisões nada convencionais em relação ao meio ambiente. Yvon Chouinard, proprietário da empresa, anunciou em 2022 uma nova estrutura organizacional que transferia 2% das ações e a tomada de decisões para um fundo familiar, enquanto os outros 98%, no valor de US$ 100 milhões, eram destinados a uma organização sem fins lucrativos, a Holdfast Collective, que trabalha com questões climáticas.

Essa decisão inovadora provocou reações no mundo dos negócios, uma vez que a Patagonia é uma das maiores empresas do setor, com 70 lojas e uma receita anual estimada em US$ 1,5 bilhão.

Perguntado sobre a Patagonia ser uma empresa “assumidamente com fins lucrativos”, ainda que doados para organizações de combate às mudanças climáticas, Ryan Gellert afirmou que nós, seres humanos, criamos a crise climática e ecológica. 

“Não foi uma coisa que nos foi imposta pela natureza, é algo que nós geramos. É uma ameaça existencial para nós humanos, é certamente uma ameaça para tudo que valorizamos, inclusive o mundo natural. E é um problema grande e complicado o suficiente para que precisemos de todas as alavancas que temos para resolvê-lo. E isso envolve o governo fazendo o que ele foi criado para fazer, que é resolver esses problemas e mobilizar recursos. Isso envolve os indivíduos, não só das decisões que tomamos no foro íntimo, mas exercendo nosso papel como parte de uma sociedade civil. E os negócios não podem mais se esconder por trás do conceito de externalidades”. 

Leia a tradução completa da palestra de Ryan Gellert no portal Capital Reset.

O Direito pode ajudar a sustentar empresas regenerativas

Durante décadas, a maioria das empresas eram moldadas a partir de dois princípios: conquistar o mercado e derrotar a concorrência, independentemente dos caminhos utilizados para alcançar isso. 

O que vemos e vivemos hoje é um capitalismo centrado exclusivamente na maximização de lucros, que tem causado danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas. Mas extinguir as empresas seria o caminho para a regeneração?

A existência de uma empresa no livre mercado depende do lucro, mas este não pode ser seu único propósito. É necessário definir qual problema social o negócio busca solucionar, a fim de alinhar esse propósito à estratégia de geração de receita. Ao unir essas duas questões essenciais, é possível criar uma empresa altamente relevante e com grande impacto positivo na sociedade.

E é justamente sobre essas bases que os Contratos Conscientes ®, uma abordagem relacional para os documentos legais, se alicerça. 

A ideia dos Contratos Conscientes ® surge em resposta à crescente necessidade de empresas cujas missões vão além do lucro. É uma abordagem inovadora para os negócios e para as relações pessoais, oferecendo uma maneira de criar acordos justos e transparentes, enquanto promovem a harmonia e a conexão entre os envolvidos e seus stakeholders.

Mergulhe no assunto: 

Contratos Conscientes: como é materializado um documento de produção customizada

Contratos Conscientes: uma necessária visão mais sustentável dos negócios

Uma simples mudança de perspectiva para esses documentos legais, tirando o foco exclusivo do “o que” e colocando no “quem”, “porquê” e “como”, permite-nos gerar uma ambiência de mais confiança, respeito, bem-estar, autorresponsabilidade, comprometimento e sustentação diante das incertezas da vida. Enxergar indivíduos e não organizações é uma necessidade para trilharmos o caminho da harmonia e abundância.

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